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"Olga”, no Armazém da Utopia em 2025 | Thiago Gouvea

“Pedimos àqueles que vierem depois de nós não a gratidão por nossas vitórias, mas a rememoração de nossas derrotas.”  Walter Benjamin.

Nascida em Munique, em 1908, Olga Benario Prestes militou no movimento comunista desde a adolescência, enfrentando desde cedo a repressão policial. Foi treinada como agente do Comintern (Internacional Comunista) em Moscou e, em missão política, veio ao Brasil nos anos 1930 com Luiz Carlos Prestes. Foi presa em 1936 e deportada com sete meses de gravidez para a Alemanha de Hitler, por ordem de Getúlio Vargas, colaborador da polícia nazista. Foi assassinada, em 1942, numa câmara de gás do campo de concentração de Bernburg. Sua filha, Anita Leocádia Prestes, sobreviveu graças a uma mobilização internacional, liderada por sua sogra Maria Leocádia Prestes. Como diz a própria Anita Prestes: “Sou filha da solidariedade internacional”.

A dramaturgia de Luiz Fernando Lobo para o espetáculo Olga foi feita a partir de longa pesquisa em arquivos brasileiros, europeus e americanos, em documentos primários. A Ensaio Aberto reabre arquivos, escava e traz à tona documentos que confrontam a história oficial. “Os documentos, mesmo os aparentemente mais claros, não falam senão quando sabemos interrogá-los”, diz o historiador Marc Bloch. E complementa:  “Nunca, em nenhuma ciência, a observação passiva gerou algo de fecundo. Olga é um exemplar da tradição do Teatro Documentário, que tem em Piscator e Peter Weiss seus precursores. A encenação realiza uma nova abertura da história ao apontar as contradições e camuflagens produzidas pela história oficial”.

Olga está em cartaz no Teatro Vianinha, no Armazém da Utopia, em 2025. É a terceira fez que a companhia rememora a vida de Olga Benario, a cada uma delas com novos atores, textos e elementos cênicos. Em 2006, “Olga, um Breve Futuro” esteve na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. E, em 2023, “Experimento Olga” ocupou o Armazém da Utopia.

Vendas de ingressos

"Notas sobre o teatro documentário", de Peter Weiss

Olga

2025
Dramaturgia e direção de Luiz Fernando Lobo

Em cartaz no Armazém da Utopia

Pedimos àqueles que vierem depois de nós não a gratidão por nossas vitórias, mas a rememoração de nossas derrotas.” Walter Benjamin.

 

Nascida em Munique, em 1908, Olga Benario Prestes militou no movimento comunista desde a adolescência, enfrentando desde cedo a repressão policial. Foi treinada como agente do Comintern (Internacional Comunista) em Moscou e, em missão política, veio ao Brasil nos anos 1930 com Luiz Carlos Prestes. Foi presa em 1936 e deportada com sete meses de gravidez para a Alemanha de Hitler, por ordem de Getúlio Vargas, colaborador da polícia nazista. Foi assassinada, em 1942, numa câmara de gás do campo de concentração de Bernburg. Sua filha, Anita Leocádia Prestes, sobreviveu graças a uma mobilização internacional, liderada por sua sogra Maria Leocádia Prestes. Como diz a própria Anita Prestes: “Sou filha da solidariedade internacional”.

 

A dramaturgia de Luiz Fernando Lobo para o espetáculo Olga foi feita a partir de longa pesquisa em arquivos brasileiros, europeus e americanos, em documentos primários. A Ensaio Aberto reabre arquivos, escava e traz à tona documentos que confrontam a história oficial. “Os documentos, mesmo os aparentemente mais claros, não falam senão quando sabemos interrogá-los”, diz o historiador Marc Bloch. E complementa: “Nunca, em nenhuma ciência, a observação passiva gerou algo de fecundo. Olga é um exemplar da tradição do Teatro Documentário, que tem em Piscator e Peter Weiss seus precursores. A encenação realiza uma nova abertura da história ao apontar as contradições e camuflagens produzidas pela história oficial”.

 

Olga está em cartaz no Teatro Vianinha, no Armazém da Utopia, em 2025. É a terceira fez que a companhia rememora a vida de Olga Benario, a cada uma delas com novos atores, textos e elementos cênicos. Em 2006, “Olga, um Breve Futuro” esteve na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. E, em 2023, “Experimento Olga” ocupou o Armazém da Utopia.

 

Vendas de ingressos

 

"Notas sobre o teatro documentário", de Peter Weiss

Olga, assim como outros militantes, foi expulsa do país sem nenhum processo legal, violando não apenas os princípios do direito internacional, mas também os limites da barbárie. “Contamos para lembrar, para rememorar, para reparar, e, sobretudo, para repensar caminhos. Durante muitos anos, repetiu-se à exaustão mentiras. A história oficial, no Brasil, negou aos revolucionários de 1935 qualquer papel relevante. O que era um levante armado, virou Intentona”, explica o diretor, Luiz Fernando Lobo.

Os torturadores de 1935,1936 e 1937 nunca foram punidos. Vencedores e vencidos tiveram o mesmo tratamento da história: o esquecimento ou a falsificação da realidade. Mas há uma diferença. É o esquecimento que permite a impunidade e consequentemente a perpetuação de crimes abomináveis. Para os torturados, para os presos, para os deportados, para os mortos, só a rememoração dessas derrotas pode reabilitá-los diante da história, e evitar, como diz Benjamin, “a segunda morte das vítimas do passado”, diz Lobo.

Comunista, judia, internacionalista e antifascista, Olga começou a militar com 16 anos. Era uma mulher de grande coragem e inteligência. Aviadora, paraquedista, exímia atiradora, exímia nadadora, amazona. Com 18 anos, entra na clandestinidade por realizar uma ação armada para libertar seu companheiro e mentor político, Otto Braun, de um presídio de segurança máxima. Vem para o Brasil como segurança de Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança. E em 05 de março de 1936, quando a polícia “estoura” o esconderijo dos dois, já casados, no Méier, ela se coloca na frente do marido e o salva de ser morto pela polícia de Getúlio Vargas. Ela foi assassinada, mas sua luta continua até os dias de hoje. 

“O levante de 1935 foi o primeiro levante armado contra os fascistas no mundo. Quase 100 anos depois, assistimos a extrema direita ganhar força em todo mundo. E esse é o papel do teatro documentário: estar à altura da realidade”, defende Tuca Moraes.
 

Olga, assim como outros militantes, foi expulsa do país sem nenhum processo legal, violando não apenas os princípios do direito internacional, mas também os limites da barbárie. “Contamos para lembrar, para rememorar, para reparar, e, sobretudo, para repensar caminhos. Durante muitos anos, repetiu-se à exaustão mentiras. A história oficial, no Brasil, negou aos revolucionários de 1935 qualquer papel relevante. O que era um levante armado, virou Intentona”, explica o diretor, Luiz Fernando Lobo.

Os torturadores de 1935,1936 e 1937 nunca foram punidos. Vencedores e vencidos tiveram o mesmo tratamento da história: o esquecimento ou a falsificação da realidade. Mas há uma diferença. É o esquecimento que permite a impunidade e consequentemente a perpetuação de crimes abomináveis. Para os torturados, para os presos, para os deportados, para os mortos, só a rememoração dessas derrotas pode reabilitá-los diante da história, e evitar, como diz Benjamin, “a segunda morte das vítimas do passado”, diz Lobo.

Comunista, judia, internacionalista e antifascista, Olga começou a militar com 16 anos. Era uma mulher de grande coragem e inteligência. Aviadora, paraquedista, exímia atiradora, exímia nadadora, amazona. Com 18 anos, entra na clandestinidade por realizar uma ação armada para libertar seu companheiro e mentor político, Otto Braun, de um presídio de segurança máxima. Vem para o Brasil como segurança de Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança. E em 05 de março de 1936, quando a polícia “estoura” o esconderijo dos dois, já casados, no Méier, ela se coloca na frente do marido e o salva de ser morto pela polícia de Getúlio Vargas. Ela foi assassinada, mas sua luta continua até os dias de hoje. 

“O levante de 1935 foi o primeiro levante armado contra os fascistas no mundo. Quase 100 anos depois, assistimos a extrema direita ganhar força em todo mundo. E esse é o papel do teatro documentário: estar à altura da realidade”, defende Tuca Moraes.

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Cadernos de trabalho

O diretor Luiz Fernando Lobo tem o hábito de anotar todo o seu processo de pesquisa, criação, ensaios e montagens dos espetáculos da Companhia Ensaio Aberto, em seus “cadernos de trabalho”. As anotações muitas vezes viram arte e, outras vezes, acabam como acervo para consulta.

Confira algumas páginas do início do processo criativo de Olga, que começou em 2004, para ter sua primeira montagem em 2006.

Se você é pesquisador, quer ter acesso ou saber mais sobre o acervo artístico da Companhia Ensaio Aberto e suas produções, entre em contato com publico@ensaioaberto.com.

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