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Desde a sua fundação, a Companhia Ensaio Aberto faz um trabalho de militância. Com Morte e Vida Severina, a relação com o Movimento dos Sem Terra (MST) incluiu a troca das ferramentas novas compradas para o espetáculo por utensílios usados pelos companheiros do MST. “Antes de irmos ao acampamento, compramos pás, enxadas e foices novas e fizemos uma troca com os companheiros do MST. Ajudamos eles, dando ferramentas novas e deles recebemos uma ajuda maior. Ganhamos os instrumentos de trabalho usados por eles. Sujos de terra, enferrujados e marcados pelo suor. Mas cheios de algo fundamental para nosso teatro. Cheios de História. Cada pá, cada enxada, cada foice, cesto, banco, cama… foram usados por eles. As ferramentas que usamos já cortaram cana, já cavaram a terra e já foram erguidas em momentos de luta”, compartilha Luiz Lobo, o diretor do espetáculo.

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Morte e Vida Severina, no Teatro Vianinha, no Armazém da Utopia em 2025 | Foto: Thiago Gouvea

Morte e Vida Severina dá voz aos retirantes nordestinos e ao rio Capibaripe em um dos poemas mais populares de João Cabral de Melo Neto, com músicas de Chico Buarque. Encomendado por Maria Clara Machado como auto de Natal em 1954/1955, e publicado pela primeira vez em 1956, descreve a viagem do sertanejo emigrante.

O espetáculo OLGA será encenado pela Companhia Ensaio Aberto, no Armazém da Utopia, em 2025. Com estreia em 16 de agosto, será o terceiro experimento de montagem da peça, escrita e dirigida por Luiz Fernando Lobo para a companhia. "É uma montagem totalmente nova, com novo elenco, novo cenário, novo teatro, com o mesmo tema", garante o diretor.

Em 2006, “Olga, um Breve Futuro” esteve na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Em 2023, “Experimento Olga” ocupou o Armazém da Utopia, mas o Teatro Vianinha ainda não existia.

A montagem relembra as lutas, derrotas e vitórias da esquerda brasileira. A história oficial, no Brasil, negou aos revolucionários de 1935 qualquer reparação. Olga Benario e muitos outros militantes foram expulsos do país sem nenhum processo legal. Vencedores e vencidos tiveram o mesmo tratamento da história: o esquecimento ou a falsificação da realidade.

Construído a partir de longa pesquisa em arquivos brasileiros e europeus e em documentos primários desconhecidos do público, a encenação apresenta uma nova visão ao apontar as contradições e camuflagens produzidas pela história oficial.

Olga Benario foi uma revolucionária alemã e militante comunista que lutou contra o fascismo no século XX. Companheira de Luiz Carlos Prestes, veio ao Brasil em 1935, mas foi presa e deportada, grávida, pelo governo Vargas para a Alemanha nazista, onde morreu em um campo de concentração. Sua trajetória de resistência e coragem a tornou símbolo da luta pelo socialismo e marco na história política do Brasil.

Com direção e dramaturgia de Luiz Fernando Lobo, cenografia de J. C. Serroni, figurinos de Beth Filipecki e Renaldo Machado, luz de Cesar de Ramires, música e direção musical de Felipe Radicetti, o espetáculo reúne em cena 10 atores e atrizes da Companhia Ensaio Aberto.

Morte e Vida Severina dá voz aos retirantes nordestinos e ao rio Capibaripe em um dos poemas mais populares de João Cabral de Melo Neto, com músicas de Chico Buarque. Encomendado por Maria Clara Machado como auto de Natal em 1954/1955, e publicado pela primeira vez em 1956, descreve a viagem do sertanejo emigrante.

A Companhia Ensaio Aberto monta Morte e Vida Severina desde 2000, quando estreou no Castelo de São Jorge, em Lisboa, Portugal, seguida de temporada no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, em 2001. Já no Armazém da Utopia, em 2022, recebeu três indicações ao Prêmio Shell de Teatro, premiada na categoria Música; seis indicações ao Prêmio APTR de Teatro, vencedora na categoria Iluminação, além de outras indicações. Em 2025, no Teatro Vianinha, inaugurado no Armazém da Utopia restaurado, a última temporada da peça recebeu mais de 10 mil pessoas em 39 apresentações.

Em 2025, o diretor Luiz Fernando Lobo escreveu: “A Ensaio Aberto traz de volta ao palco a voz dos severinos filhos de tantas Marias. Mas isso ainda diz pouco: continua sendo difícil defender só com palavras a vida, hoje, e cada vez mais, sabemos que muita diferença faz entre lutar com as mãos ou abandoná-las para trás”, diz o diretor Luiz Fernando Lobo.

Morte e Vida Severina não é mais um poema regional brasileiro, pois os que vivem e morrem de morte severina agora estão em todas as serras magras e ossudas do mundo. A sombra da fome se espalha pelo planeta impulsionada pela crescente desigualdade. Segundo a Oxfam, organização global de combate à pobreza e à injustiça, o 1% mais rico da população mundial possui agora 45% da riqueza global, 44% da humanidade vive com menos de 6,85 dólares (R$ 41,5) por dia, e as taxas de pobreza global praticamente não mudaram desde 1990.

No encontro do G20, em 2024, o Presidente Lula defendeu: "O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza. Convivemos com 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível”.

Morte e Vida Severina

2000, 2001, 2022 e 2025
De João Cabral de Melo Neto
Músicas de Chico Buarque
Direção de Luiz Fernando Lobo

A Companhia Ensaio Aberto monta Morte e Vida Severina desde 2000, quando estreou no Castelo de São Jorge, em Lisboa, Portugal, seguida de temporada no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, em 2001. Já no Armazém da Utopia, em 2022, recebeu três indicações ao Prêmio Shell de Teatro, premiada na categoria Música; seis indicações ao Prêmio APTR de Teatro, vencedora na categoria Iluminação, além de outras indicações. Em 2025, no Teatro Vianinha, inaugurado no Armazém da Utopia restaurado, a última temporada da peça recebeu mais de 10 mil pessoas em 39 apresentações.

 

Em 2025, o diretor Luiz Fernando Lobo escreveu: “A Ensaio Aberto traz de volta ao palco a voz dos severinos filhos de tantas Marias. Mas isso ainda diz pouco: continua sendo difícil defender só com palavras a vida, hoje, e cada vez mais, sabemos que muita diferença faz entre lutar com as mãos ou abandoná-las para trás”.

Morte e Vida Severina não é mais um poema regional brasileiro, pois os que vivem e morrem de morte severina agora estão em todas as serras magras e ossudas do mundo. A sombra da fome se espalha pelo planeta impulsionada pela crescente desigualdade. Segundo a Oxfam, organização global de combate à pobreza e à injustiça, o 1% mais rico da população mundial possui agora 45% da riqueza global, 44% da humanidade vive com menos de 6,85 dólares (R$ 41,5) por dia, e as taxas de pobreza global praticamente não mudaram desde 1990.

 

No encontro do G20, em 2024, o Presidente Lula defendeu: "O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza. Convivemos com 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível”.

Peter Weiss (1916-1982), escritor, dramaturgo, artista plástico e cineasta alemão de origem judaica, é considerado um dos pais do teatro documental moderno - e ele influencia muito o trabalho de criação da Companhia Ensaio Aberto, incluindo o espetáculo Olga.


Trecho do texto “Notas sobre o teatro documentário”, de Peter Weiss, presente no programa distribuído em 2006 durante a temporada de “Olga, um breve futuro”, traz um resumo: “O teatro documentário é um teatro relatório. Processos verbais, dossiês, cartas, quadros estatísticos, comunicados da Bolsa, balanços bancários e industriais, comentários governamentais, discursos, entrevistas, declarações de personalidades em evidência, reportagens jornalísticas, fotografias ou filmes e todas as outras formas de testemunho do presente formam as bases do espetáculo. O teatro documentário repudia toda invenção, ele usa material documentário autêntico difundido a partir do palco, sem modificar o conteúdo, mas estruturando a forma. Ao contrário das informações conflitantes que nos chegam todos os dias, o que se apresenta no palco é uma escolha que converge num tema preciso, geralmente social ou político. Esta escolha crítica, assim como o critério que rege a montagem dos recortes feitos na realidade, garantem a qualidade desta dramaturgia do documento”

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Cadernos de trabalho

O diretor Luiz Fernando Lobo tem o hábito de anotar todo o seu processo de pesquisa, criação, ensaios e montagens dos espetáculos da Companhia Ensaio Aberto, em seus “cadernos de trabalho”. As anotações muitas vezes viram arte e, outras vezes, acabam como acervo para consulta.

​Confira algumas páginas do início do processo criativo de Morte e Vida Severina, em anotações do caderno do diretor que data dos anos 2000, 2001, 2007 e 2008.

Se você é pesquisador, quer ter acesso ou saber mais sobre o acervo artístico da Companhia Ensaio Aberto e suas produções, entre em contato com publico@ensaioaberto.com.

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